Petrobras (PETR3;PETR4): em função do valor e do dividendo, a XP eleva o preço-alvo da ação e mantém sua recomendação de compra

Petrobras (PETR3;PETR4): em função do valor e do dividendo, a XP eleva o preço-alvo da ação e mantém sua recomendação de compra

Os pesquisadores revisaram suas estimativas, mas fizeram questão de afirmar no título do documento que “quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas”.

O XP elevou o preço-alvo para a Petrobras (PETR3 e PETR4), tanto para as ações ordinárias quanto para as ações preferenciais, de R$ 45,30 para R$ 47,80, representando um potencial de valorização de 38,5 % para as ações ordinárias e um potencial de valorização em 48 % para as ações preferenciais, mantendo sua recomendação de compra. Em contrapartida, o preço dos ADRs (American Depositary Receipt, na prática, as ações da empresa negociadas na Bolsa de Valores de Nova York) PBR-A (equivalente a preferenciais) passou de US$ 16,40 para US$ 18,40, representando um aumento potencial de 35%.

De acordo com os analistas André Vidal, Victor Burke e Thales Carmo, a revisão ocorre após a incorporação dos resultados do quarto trimestre, a evolução recente dos preços das commodities em função das restrições do lado da oferta e a nomeação de um novo CEO, que ocorreu na noite da segunda-feira (28). A revisão está ocorrendo na sequência da incorporação dos resultados do quarto trimestre, da evolução recente dos preços das commodities como resultado das restrições do lado da oferta. Por outro lado, como afirma o título do documento, “quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas”.

Observadores reiteraram sua perspectiva otimista para a Petrobras, citando fatores como: 1) alta qualidade das operações do pré-sal (com aumento da produção); 2) valor estimado 2,6 vezes o valor da empresa sobre sua Ebitda, ou lucro antes de impostos, e amortização, esperado até 2023); 3) alto retorno de dividendos (ou dividend yield, dividendo sobre o preço da ação, previsto em 23 % para 2022).

A notícia da substituição de Joaquim Silva e Luna por Adriano Pires foi recebida com uma série de reações que variaram de neutras a entusiasmadas. “Pires teve uma longa e bem-sucedida carreira acadêmica e profissional na indústria de petróleo e gás.” Nos últimos anos, ele atuou como um acérrimo defensor da política de paridade de preços de importação (PPI) da Petrobras, da venda de refinarias e até da privatização completa da empresa, segundo o comunicado.”

Além disso, possui um relacionamento positivo com outros participantes do mercado e com a mídia, todos considerados qualidades – chave na opinião da XP. “Acreditamos que as perspectivas de Pires mudar a atual estratégia da Petrobras de forma significativa são bastante baixas”, diz o analista.

Assim, apesar da volatilidade política, a Petrobras continua perseguindo sua estratégia de PPI (ainda que com significativa defasagem temporária, como vem sendo destacado nos últimos meses). De acordo com a empresa, o apelo para as ações foi, e continua sendo, que o risco político é alto, mas que a avaliação atraente e o alto pagamento de dividendos são “extremos grandes demais para serem ignorados”. Além disso, analistas apontam que a Lei da Petrobras (13.303/2016) e a Lei das Estatais (13.303/2016) parecem estar cegando a empresa, pelo menos por enquanto.

Entre outras coisas, eles destacaram a atualização da curva futura do petróleo até o final de 2022, com preços mais altos, bem como a utilização dos preços futuros até o final de 2023, mantendo a previsão de US$ 60 o barril em termos reais a partir de 2024, conforme ilustrado no gráfico abaixo.

Além disso, a empresa incluiu os resultados do quarto trimestre, que incluíram uma surpresa negativa na divisão de Gás & Energia, prevendo um ano mais difícil em 2022 para o segmento. “Como resultado de nossas vendas contínuas para empresas de exploração e produção, que resultaram em um aumento no preço do gás vendido para a Petrobras, também estamos reduzindo nossa previsão de Ebitda de longo prazo para esta divisão”, concluem os analistas.

Fontes de risco

A política de preços da Petrobras, por outro lado, foi reforçada como o maior risco da empresa (principalmente em vista das próximas eleições presidenciais no Brasil em 2022).

De acordo com as estimativas, a empresa manterá sua estratégia atual (que inclui alocação racional de capital) até 2023, mas isso (junto com o futuro da governança corporativa para a empresa) é altamente incerto, escrevem os autores. Para levar em conta o risco político no cálculo, os analistas tiveram a ideia de adicionar um prêmio de risco de 2 % ao custo total de capital.

Como produtor de commodities (principalmente combustíveis fósseis, que estão sujeitos a incertezas de demanda de longo prazo), o preço das commodities, bem como a taxa de inflação (uma vez que vários instrumentos financeiros estão atrelados ao real), são fontes de risco.

Outra importante fonte de risco é um acidente operacional envolvendo FPSO offshore, tubulação ou navio-tanque, o que é particularmente crucial se houver derramamento de petróleo ou derivados. “O mundo testemunhou inúmeros incidentes semelhantes a este nas últimas décadas e, à medida que a conscientização ambiental, social e de governança (ESG) cresce, as ramificações para a empresa responsável, caso ocorra uma tragédia como essa, se tornarão cada vez mais graves”, concluem os autores.

Uma potencial venda de ações do BNDES é uma fonte de preocupação generalizada, especialmente pelo fato de o banco de desenvolvimento ainda ter uma participação significativa na gigante petrolífera brasileira.

Vale lembrar que o Bradesco BBI também elevou o preço-alvo das ações PETR4 de R$ 42 para R$ 50 na semana anterior. Isso é importante lembrar (upside de 55 %).

Nesta ocasião, os analistas observaram que, apesar da turbulência política, a empresa tem capacidade para distribuir quatro vezes mais dividendos do que seus pares globais aos preços atuais de suas ações (pelo menos 25 %). “Isso demonstra quanto do medo político se manifesta em ações”, afirmou o BBI.