O valor das commodities deve gerar US$ 53 bilhões em exportações para o Brasil

O valor das commodities deve gerar US$ 53 bilhões em exportações para o Brasil

Quando a Rússia invadir a Ucrânia, o aumento do volume poderá ajudar a mitigar os danos à economia causados ​​pela redução da oferta.

O recente aumento nos preços das commodities tem potencial para impulsionar as exportações brasileiras de até US$ 53 bilhões neste ano, auxiliando o país a mitigar o impacto na economia da redução da oferta causada pela Rússia na invasão da Ucrânia.

Apesar de a guerra ter agravado a tendência de desaceleração da economia global, o governo brasileiro não será obrigado a aumentar significativamente o volume de exportações para manter seu recorde na balança comercial vendendo suas exportações primárias para estrangeiros nos mercados a preços mais elevados. Supondo que as previsões dos economistas para os próximos dias estejam corretas, os novos preços das commodities podem empurrar o superávit comercial acima da marca de US$ 70 bilhões pela primeira vez na história recente.

Como resultado da retirada dos pacotes de estímulo monetário e fiscal lançados no ano passado para ajudar a economia global, o setor de comércio internacional deverá ter um declínio no crescimento em 2022. Os analistas econômicos, por outro lado, começaram a revisar para cima suas previsões para a balança comercial após o bombardeio da Ucrânia, que resultou em novas sanções contra a Rússia. Isso aumentou a oferta global de commodities, segundo economistas.

Apesar de o Brasil ter que pagar um preço mais alto pelos bens que importa de fora a partir de agora, a avaliação geral é de que as exportações líquidas do país superarão as importações líquidas. Segundo cálculo do Credit Suisse, as commodities respondem por mais de 70% das exportações brasileiras. O facto de a China, o maior mercado externo do país, ser uma economia em crescimento que continua a beneficiar de estímulos governamentais, ao contrário da maioria do resto do mundo, também favorece o país.

US$ 53 bilhões a mais

O Departamento de Pesquisas Econômicas e Estudos Econômicos do Bradesco elevou sua previsão de exportações este ano de US$ 286 bilhões para US$ 339 bilhões após atualizar o cenário este mês. Dito de outra forma, US$ 53 bilhões foram depositados na conta bancária no pós-guerra, um evento que até então havia sido amplamente ignorado.

Segundo a XP Investimentos, a previsão para as exportações passou de US$ 299,5 bilhões para US$ 324,4 bilhões, representando uma diferença de US$ 24,9 bilhões. Enquanto isso, os economistas do Itaú Unibanco elevaram a previsão de crescimento comercial de US$ 67 bilhões para US$ 74 bilhões, um aumento de US$ 14 bilhões.

Segundo Rafaela Vitória, economista-chefe do Interbank, as exportações representarão cerca de 16 % do Produto Interno Bruto (PIB) do país até 2022, e o banco espera revisar sua previsão de superávit comercial este ano de US$ 65 bilhões para US$ 75 bilhão.

A par da valorização das commodities, a importação de bens deve ser limitada pela redução da produção industrial e pela redução das compras externas de gás natural, fonte de energia das usinas termelétricas, em decorrência da recuperação dos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas. “Apesar da alta da inflação, a alta dos preços das commodities deve ser benéfica para a economia, que será auxiliada em parte pela valorização do dólar”, diz Rafaela. “Espera-se que o aumento dos preços das commodities seja benéfico para a economia.”

O impulso à economia – e os investimentos que dele decorrem – podem não ser suficientes para aliviar completamente os efeitos da crise da dívida europeia sobre a economia brasileira, que já sofre com a alta inflação, o que obriga o governo a impor taxas de juros mais altas e condições financeiras mais restritivas. É possível antecipar uma deterioração das contas externas (onde o déficit de transações cambiais com os Estados Unidos pode se aproximar de zero) e uma melhora nas finanças públicas como resultado do desmantelamento de combustíveis fósseis.

Contas públicas melhores

Em conjunto com a inflação doméstica acima do previsto, a alta dos preços das commodities indica que o arrecadação do governo continuará subindo. Segundo projeções do Bradesco e do Itaú Unibanco, o déficit das contas públicas (que inclui Estados Unidos, estados, municípios e empresas estatais, com exceção da Petrobras e da Eletrobrás) deve atingir 0,3 % do PIB final do ano.

O Bradesco revisou sua projeção para o déficit nas transações correntes de comércio internacional, que inclui, entre outras coisas, a venda de mercadorias e o recebimento de remessas. A projeção para o déficit nas transações correntes de comércio internacional foi reduzida de 0,9% para 0,3% do produto interno bruto do país.

Em entrevista ao Financial Times, o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, afirmou que as projeções do banco são baseadas nos preços atuais das commodities porque, embora a guerra possa chegar rapidamente ao fim desejado, os preços das matérias-primas não devem voltar seus níveis pré-guerra tão rapidamente quanto antes. “Os efeitos [sobre o preço dos bens e serviços] tendem a ser duradouros.”

“Mesmo que a guerra termine amanhã, é improvável que as relações dos Estados Unidos com a Rússia retornem ao nível de confiança que existia anteriormente. Também não será simples para o Reino Unido retomar a produção de trigo dentro de duas semanas. A falta de disponibilidade de fertilizantes, por outro lado, deverá ter um impacto negativo na produtividade agrícola, de acordo com Honorato.