Uma das maiores empresas do país é a Anglo American, que fabrica níquel em Niquelândia, no estado de Goiás.
O níquel, que é usado em baterias para veículos elétricos e é estrategicamente importante na transição energética, deve receber investimentos de pelo menos US$ 1,06 bilhão (aproximadamente R$ 5 bilhões) no aumento da produção no Brasil até 2025, de acordo com estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). O valor corresponde a quatro projetos, cada um desenvolvido por três empresas diferentes.
Além da expectativa de aumento da demanda como resultado das mudanças no cenário de energia, o metal registrou preços recordes após a invasão russa da Ucrânia, o maior produtor mundial do metal, o que gerou preocupações sobre sua oferta. O níquel atingiu um preço de mais de US$ 100 mil por tonelada em Londres antes que a London Metal Exchange (LME, em sua forma abreviada) suspendesse as negociações no início deste mês.
Um dos projetos em desenvolvimento no Brasil é o Piauí Níquel Metais, que faz parte do grupo Brazilian Nickel, com sede em Londres. Segundo Guilherme Jácome, presidente da empresa, a primeira fase de operação da mina, que fica no município de Capito Gervásio de Oliveira (PI), terá início em junho e terá capacidade para 1.500 toneladas anuais de níquel contido. O produto é particularmente útil na produção de baterias de alumínio e aço inox.
“Essa produção inicial é pequena, mas estamos em fase de produção do projeto básico da terceira, que prevê uma produção de 25 unidades contidas no ano, com início das obras no primeiro semestre do ano que vem,” acrescentou Jácome.
De acordo com o levantamento do Ibram, a empresa Horizonte Minerals tem dois projetos em andamento que farão com que a empresa faça o maior investimento em níquel. O maior deles prevê gastar US$ 500 milhões (cerca de R$ 2,5 bilhões) para ampliar a capacidade de produção da planta da mineradora britânica em Conceição do Araguaia, no Pará. Outro projeto de grande porte em andamento é a mina Atlantic Nickel, próxima a Santa Rita, Bahia, que será uma das maiores minas a céu aberto desse tipo no mundo.
Mais investimentos
Uma das maiores empresas do país é a Anglo American, que fabrica níquel em Niquelândia, no estado de Goiás. Segundo a empresa, cerca de R$ 2 bilhões serão investidos no negócio nos próximos cinco anos, com os recursos sendo utilizados para garantir a continuidade das operações e melhorias de segurança, além da expansão da produção. Por não envolver apenas aumento de capacidade, esse investimento não está contemplado no estudo do Ibram.
Eduardo Caixeta, diretor de operações de níquel da Anglo American no Brasil, afirmou que a empresa está trabalhando em um projeto de briquetagem, que envolveria a coleta e aglomeração do minério de níquel já existente na mina. “Antecipa-se que a inovação aumentaria a capacidade de produção e, ao mesmo tempo, trará melhorias na eficiência por meio da redução do consumo de energia, segurança operacional e estabilidade da planta pirometalúrgica (processo de fabricação que envolve altas temperaturas)”.
Demanda
O país do Brasil continua tendo um papel pequeno, mas significativo na produção mundial de metal. Apesar da Vale (VALE3) ser uma das maiores produtoras do mundo, uma parcela significativa de sua produção é produzida no Canadá, fruto da aquisição da Inco pela empresa em 2006. A mineradora também é produtora de níquel na Indonésia e possui unidade de produção própria no Brasil. A Vale espera produzir 168 mil de toneladas de aço no mundo até 2021, um aumento de 8,5% em relação ao ano anterior.
A Vale, segundo o analista Ilan Arbetman da Ativa Investimentos, sempre foi líder na produção de metais básicos, principalmente níquel e cobalto. Segundo Arbetman, a demanda por níquel aumentou significativamente nos últimos dois anos como resultado do aumento da demanda por baterias automotivas e componentes eletrônicos. No entanto, as empresas ainda estão determinando o nível adequado de investimento a ser feito para explorar o metal.
“Existe um trabalho de previsão de demanda para ver se é razoável mais em metais básicos como o níquel em vez de concentrar mais em metais especiais como o níquel. Há um enorme potencial neste mercado que o mundo só agora está começando a ver, e é apenas uma questão de tempo. “A Vale e outras empresas estão buscando a melhor forma de se alinhar a isso”, disse o analista, citando os esforços da empresa para melhorar a previsibilidade de sua divisão de metais básicos.