Até que ponto podemos atribuir a forte alta do real neste ano, e o que podemos esperar nos próximos anos para o dólar?

Até que ponto podemos atribuir a forte alta do real neste ano, e o que podemos esperar nos próximos anos para o dólar?

Segundo analistas, a moeda brasileira ainda tem espaço para se fortalecer no curto prazo, mas a expectativa é que o real ultrapasse os R$ 5 até o final do ano.

O dólar comercial negociou em queda na sexta-feira (25), atingindo a mínima de R$ 4,785 na compra e R$ 4,786 na venda, os menores patamares desde março de 2020. O pregão havia encerrado em R$ 4,83 no fechamento. A queda acumulada do valor do dólar americano até 2022 é de 12,5% – na época da última gravidez, em 2021, o valor do dólar era de R$ 5,575. Com a recente série de quedas, que vem se estendendo há algum tempo, surgiram dúvidas sobre se agora é um bom momento para comprar o dólar americano ou se há uma chance de que ele caia ainda mais no futuro.

A verdade é que esta é uma pergunta difícil de responder. Determinar a direção do preço de uma moeda é difícil devido ao fato de que o preço da moeda está sujeito a uma grande volatilidade. Alguns analistas, por outro lado, acreditam que ainda há espaço para uma reavaliação do mercado imobiliário.

“Para os economistas, prever o crescimento futuro sempre foi um dos desafios mais difíceis que eles enfrentaram. De fato, um dos nossos modelos favoritos e mais diretos para observar a moeda mostrou que o real é “barato”, segundo Dalton Gardiman, do Bradesco BBI, Ricardo Mauad, Guilherme Zimmermann e Bernardo Keiserman em um relatório.

De acordo com os analistas do banco, o real está se valorizando em relação ao seu homólogo americano, apesar de o mundo ainda estar em um estado de grande incerteza. Fatores como o conflito ucraniano, os desafios financeiros no Brasil, as eleições presidenciais e o colapso da indústria farmacêutica, que parece estar chegando ao fim, desequilibraram a atenção do mundo.

Por causa da densa neblina que obscurece o caminho à frente, é comum os investidores desacelerarem e tomarem mais precauções na hora de colocar seu dinheiro em uma posição. No entanto, não é o que estamos vendo agora. A desvalorização do dólar em relação ao real parece demonstrar que investir no Brasil se tornou mais atraente.

Entende os fatores que contribuíram para a queda do dólar

O fato é que, apesar de existirem incertezas no futuro imediato, há uma percepção geral de que a situação está se tornando mais pacífica. Segundo os analistas do BBI, “a recente redução de notícias negativas no setor fiscal, avaliações locais favoráveis, pequenas surpresas em torno das eleições, avaliações locais favoráveis, mas não avaliações favoráveis ​​nos Estados Unidos, e uma alíquota significativamente superior ao resto do mundo provavelmente estará desempenhando um papel nisso.”

Por exemplo, na frente fiscal, o Governo Federal rebateu especulações de que haverá um aumento no preço do petróleo da Petrobras (PETR3 e PETR4) ou que grandes subsídios serão fornecidos para reduzir o valor dos combustíveis na bomba – isso no contexto do encerramento das contas do governo.

Mesmo diante dos prováveis ​​ataques que ocorrerão nos próximos meses, não há indícios de que algo significativo esteja prestes a ocorrer no processo eleitoral. Os dois principais candidatos à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, já ocuparam o cargo e, no mínimo, seus respectivos estilos de governança são conhecidos no meio empresarial.

Há também o fato de que a moeda brasileira vem sendo negociada em níveis historicamente baixos por apenas um curto período de tempo. Quando se leva em consideração a relação entre o lucro atual das empresas e o preço de suas ações, o Ibovespa, principal índice da B3, atingiu patamares não vistos desde a crise financeira de 2008.

Os analistas do BBI explicam que, apesar de os dados agregados do Banco Central ainda não estarem disponíveis, é razoável concluir que o fluxo de capitais em ações teve um papel significativo na valorização do real em relação ao dólar, com base em dados fornecidos pelo Institute of International Finance (IIF) e pela empresa de pesquisa B3.

Por outro lado, nos Estados Unidos, os preços de várias empresas foram criticados como excessivos, principalmente no setor de tecnologia da informação. De acordo com os autores, avaliações das companhias de tecnologia dos EUA atuaram com algum potencial de diversificação, especialmente quando o Federal Reserve começou a comunicar suas intenções de aperto como taxas em várias reuniões.

As empresas do setor de tecnologia são avaliadas principalmente com base em seu potencial de crescimento. Em função do aumento previsto das taxas de juros nos Estados Unidos em um futuro próximo, espera-se que essas empresas cresçam menos, uma vez que o início do ciclo expansionista foi programado para coincidir com o arrefecimento da economia. Ainda, como resultado de sua propensão a emitir mais dívida em busca de dinheiro para sustentar o crescimento, é provável que os “techs” tenham níveis de dívida mais altos no futuro, o que influenciará negativamente sua lucratividade.

A Nasdaq, bolsa de valores dos Estados Unidos que é conhecida por listar um grande número de empresas de tecnologia dos Estados Unidos e do mundo, sofreu uma queda de mais de 10 % nos últimos três meses.

Com isso, o país se beneficiou do movimento “vender tecnologia, comprar valor”, que se refere à venda de ativos relacionados à tecnologia e à compra de ativos de valor agregado de empresas que já eram grandes, mas tinham perspectiva limitada de crescimento, e estavam sendo assim descontado em excesso.

Além disso, de acordo com o BBI, a atual taxa de juros no Brasil é significativamente maior do que a taxa de juros em outros países, o que abre espaço para o movimento conhecido como carry-trade.

“Os impostos mais altos, principalmente sobre os instrumentos de renda fixa, atuam como fator de impulso, impedindo a fuga de capitais, bem como fator de atração, atraindo fluxos de capitais por meio de carry trades”, escrevem os autores. “Mesmo que a taxa de inflação em 2023 fique aquém da meta de 3,25 % e fique em torno de 5 % no ano de 2023, os salários reais ficarão bem acima de 6 %, segundo as regras do Tesouro Nacional, por exemplo”.

Por fim, a alta dos preços de commodities como petróleo, minérios, milho e trigo – todos produzidos em larga escala no Brasil – ajudou a balança comercial do país a girar em direção positiva. A demanda por esses produtos está alta há alguns meses, e o conflito em andamento entre a Rússia e a Ucrânia, ambos com produção agrícola significativa, criou uma escassez de oferta adicional do lado da oferta.

Até agora, a balança comercial acumula superávit de US$ 10,11 bilhões no ano. Em suas transações comerciais, o Brasil vendeu mais mercadorias para o exterior nos últimos meses do que comprou.

Há espaço para o dólar cair muito mais?

Apesar do dólar já ter sofrido uma desvalorização significativa em relação ao real, a perspectiva é de que haja espaço para mais desvalorização — mas isso depende de uma série de variáveis.

“Gostaríamos de comparar a Taxa de Câmbio Real Efetiva (TRE) com a posição líquida de investimento internacional do país ao longo do tempo”, escreveram. É possível que seja feito um ajuste razoável entre as duas séries no longo prazo. “Na realidade, o mercado imobiliário pode estar em processo de negociação em patamares materialmente mais elevados, sem surpresas”, dizem os analistas do BBI.

Segundo analistas do BBI, suas projeções medianas para o valor do dólar em 2022 foram reduzidas de R$ 5,50 para R$ 5,20 (um aumento de 8,6 % em relação ao valor atual de R$ 5,20). De acordo com as projeções, uma unidade da moeda americana custará R$ 5,50 em 2023, ante R$ 5,70 no ano anterior.

Apesar da mudança de perspectiva, o valor do dólar continua acima do atual em ambos os casos. Em grande medida, o banco está exercendo cautela, pois reconhece que as incertezas financeiras e geopolíticas têm o potencial de impactar negativamente o desempenho da moeda brasileira ao longo do ano corrente.

Segundo os autores, “os efeitos da guerra na Ucrânia são bilaterais, com efeitos positivos significativos no curto prazo em relação ao Brasil, mas há incertezas e quase certamente teremos consequências negativas no longo prazo”. “Os efeitos da guerra na Ucrânia são bilaterais, com impactos positivos significativos no curto prazo em relação ao Brasil, mas há incertezas e quase certamente teremos consequências negativas no longo prazo”, escreveram. “Não descartamos a continuação da forte tendência de queda, mas também vemos falhas que podem se tornar mais pronunciadas em um estágio posterior no curso das decisões financeiras.”

Os analistas do Credit Suisse estão essencialmente indo na mesma direção. O gigante financeiro estabeleceu sua previsão de preço do real para os próximos três meses em R$ 5 e sua previsão de preço para os próximos dez meses em R$ 5,30.

O real, segundo Solange Srour, Lucas Vilela e Rafael Castilho, do Federal Reserve, se recuperou apenas parcialmente de sua recente desvalorização – a moeda brasileira caiu mais de 40 % em relação ao dólar americano entre 2020 e 2021. Essa queda, eles argumentam, que pode ser atribuído ao temor de um investidor estrangeiro de um enfraquecimento da economia doméstica como resultado da deterioração do quadro fiscal nacional.

No entanto, apesar da expectativa de valorização do dólar até o final do ano, o Credit Suisse acredita que ainda há espaço para a moeda brasileira ganhar força antes disso. Da mesma forma, a capacidade do banco para fazê-lo dependerá da redução da turbulência política e financeira.

De acordo com a mediana dos modelos de previsão desenvolvidos pelo Credit Suisse, o valor do dólar pode cair até R$ 4,10, o ponto baixo de uma faixa que varia de R$ 4,80 a R$ 4,50 e tem uma mediana de R$ 4,50, representando uma queda de 6,8 % quando comparado ao valor do dólar no início desta semana.

“Alguns de nossos modelos, que são baseados em diferenças de taxas de juros, prêmios de risco, diferenciais de inflação e termos de negociação, sustentam a visão de que a moeda brasileira tem espaço para crescer em valor”, explicam os autores. “No entanto, essa reavaliação está condicionada à redução da incerteza política e fiscal nos próximos meses.” A incerteza em torno das eleições presidenciais deste ano representa um risco para uma moeda mais desvalorizada do que seria previsto pelos modelos mostrados acima.

De acordo com a Levante, o real terá que continuar em trajetória ascendente por pelo menos um curto período de tempo, com possível valorização após a fraqueza da moeda brasileira que deve ocorrer em 2020 e 2021.

“No entanto, este processo será significativamente menos linear e previsível.” “Pelo contrário, a trajetória das taxas de câmbio continuará esburacada, pois, além da migração de recursos pela alta dos juros e a demanda global por hedges contra a alta do preço das matérias-primas, não há razão para descartar o movimento especulativo, que será exacerbado à medida que o ano eleitoral avança”, preveem os analistas.