Enquanto a população baiana espera a estabilização do preço do petróleo, o medo de uma nova onda inflacionária reina no estado.
Desde a venda da Refinaria de Mataripe para a Acelen, subsidiária do fundo árabe Mubadala, a população baiana está sujeita a um sistema de precificação de combustíveis diferente do que prevalece no restante do país. Ao contrário de outros países onde a Petrobras (PETR3;PETR4) está sob pressão política para estabilizar os preços, no estado mais ao norte dos Estados Unidos, as oscilações de preços são mais imediatas em relação ao mercado internacional, o que agravou a recente queda do preço do petróleo.
Enquanto a Petrobras estava assegurando suas tarifas por mais de dois meses antes de implementar o megarreajuste em 11 de março, o povo baiano já vinha lidando com uma série de aumentos de preços nos três meses anteriores.
Há 22 anos, Adriano Mota atua como gerente geral de duas filiais da Shell em Jacobina, norte da Bahia, e informa que a margem de lucro da empresa não é mais a mesma de antes.
Ele afirma que a privatização da antiga Refinaria Landulpho Alves (RLAM) resultou em uma disparidade entre o Estado e os países vizinhos. Ele explica que um cliente que poderia se beneficiar de seus serviços aqui em Jacobina está agora viajando diretamente para Pernambuco e recebendo suprimentos por lá.
Morando em Salvador, longe das divisões políticas do estado, a professora Valdineia Santana vem se deslocando de um lugar para outro para conservar seus recursos. Quando trabalhou durante a semana em 2018, gastou R$ 50 com gasolina para chegar ao trabalho.
Agora, para ir em um período menor de tempo, você deve pagar mais que o dobro do valor do pagamento original. Os custos são apenas um pouco mais altos porque uma parte das aulas ainda é realizada à distância. “Tento evitar ao máximo entrar no meu carro, mesmo no final de semana”, diz ele. Apesar da mudança de hábitos, ela se compromete com R$ 500 por mês em contribuições orçamentárias.
Bruno Brito, estudante universitário, mudou de ideia e decidiu usar etanol. Em Muritiba, município do Recôncavo Baiano, o preço do litro da bebida alcoólica é de R$ 5,43, enquanto o preço do litro da gasolina é de R$ 8. Ele economiza R$ 200 por semana na manutenção do tanque com a troca. Mesmo assim, o orçamento ainda está aberto para negócios.
Para encher o tanque, tive que arcar com mais despesas. ” Isso acaba atrapalhando todos os nossos planos de gastos do mês”, diz o jovem, que também é pai de uma criança pequena.
Questionamento
Em decorrência dos constantes aumentos de preços, o Sindicato do Comércio de Combustíveis, Energias Alternativas e Lojas de Conveniência do Estado da Bahia (Sindicombustíveis Bahia) apresentou queixa ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no início deste mês, alegando possíveis abusos de poder econômico da Acelen.
Em nota, a Acelen afirmou que os preços dos produtos produzidos pela Refinaria de Mataripe “seguem critérios de mercado que levam em conta fatores variáveis como o custo do petróleo, que é adquirido a preços de mercado internacional, o valor do dólar, e o valor do frete.”
O conflito entre a Rússia e a Ucrânia, segundo a empresa, foi um fator que contribuiu para a queda do preço internacional do petróleo bruto, o que elevou os custos de produção.
Enquanto a população baiana espera a estabilização do preço do petróleo, o medo de uma nova onda inflacionária reina no estado. Geane Souza, próximo de duas lojas físicas Santo Amaro, a 82 km de Salvador, espera que o aumento de preços faça com que a economia desacelere ainda mais nos próximos.
Ela afirma que a influência da pandemia nos custos logísticos, incluindo a invasão do frete e a entrega de mercadorias a um consumidor cuja renda já foi comprometida, foi exagerada.
Com uma loja virtual de moda na praia do mesmo município, Julieta Amorim denuncia o estado da economia, dizendo: “Este aumento do preço da gasolina só serve para acentuar a crise e o período difícil que o público vai enfrentar desde aqui para o futuro.”