O Grupo Stellantis, dono das marcas de automóveis Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot, anunciou planos para sete lançamentos de veículos híbridos e elétricos na região até 2025.
Até 2030, o Grupo Stellantis, dono das marcas de automóveis Fiat, Jeep, Citroen e Peugeot, espera que os veículos elétricos representem 20 % de suas vendas na América Latina e no Brasil. Pelo menos seis veículos híbridos e elétricos serão lançados pela empresa até 2025, sendo um deles um híbrido flex ao etanol desenvolvido no país. No início deste ano, a empresa anunciou que lançaria um veículo híbrido flex a etanol.
Para atingir esse nível de participação, a empresa pretende aumentar a nacionalização de componentes e tecnologias elétricas em colaboração com seus fornecedores. De acordo com Antonio Filosa, presidente da Stellantis na região, “isso implica desenvolver e atrair investimentos, bem como qualificar as empresas e instituições de ensino a ela associadas”.
Carlos Tavares, presidente global do grupo, que assistiu ao início da produção do novo C3 na fábrica da Peugeot/Citroën em Porto Real (RJ) nesta quinta-feira (18), afirmou que a operação local é rentável e que, com isso, ele não prevê nenhuma “dificuldade na aprovação de novos projetos na região.”
De agora até 2024, o grupo tem uma estratégia de investir R$ 16 bilhões nas Américas, que está em fase de planejamento.
O novo C3 será o primeiro de uma família planejada de três veículos voltados para consumidores do Brasil e de outros países da região. O C3 estará disponível para compra no primeiro trimestre de 2019. Seu desenvolvimento foi supervisionado por uma equipe de engenheiros de vários países, incluindo Brasil, Argentina e França, entre outros.
Carros mais caros
Tavares admitiu que os automóveis estão ficando mais caros no Brasil e no mundo, em grande parte devido à introdução de novas tecnologias (principalmente veículos elétricos); novos regulamentos de eficiência energética e segurança; e, mais especificamente neste momento, o desequilíbrio entre oferta e demanda causada pela crise da indústria de semicondutores.
Apesar de o executivo da Stellantis afirmar que a empresa se preocupa em oferecer preços que garantam a acessibilidade da classe média aos novos veículos, o executivo afirmou que o grupo se preocupa em oferecer um preço competitivo e comparável ao da competição.
“Não há razão para ninguém limitar nossa capacidade de gerar receita, pois precisamos dela para investir em tecnologias futuras que serão críticas para a viabilidade de longo prazo da empresa nos próximos cinco a dez anos”, disse o presidente global do grupo.
Tavares afirma que o aumento dos preços é mais acentuado no caso dos modelos eletrificados. A disponibilidade do etanol no Brasil, que tem excelente desempenho na redução das emissões de CO2, permitirá evitar os custos mais significativos associados aos veículos elétricos pelo menos nos próximos anos. Na Europa, o grupo espera ter o controle total de sua linha de produtos elétricos até 2030, enquanto nos Estados Unidos espera ter uma participação de 50 %.
Escassez de semicondutores
O presidente da Stellantis International confirmou que a indústria automotiva global continuará enfrentando dificuldades significativas no fornecimento de semicondutores ao longo deste ano, e que a situação pode piorar em função do conflito em curso na Ucrânia, que está atrapalhando o tráfego aéreo e causando atrasos na entrega de uma variedade de mercadorias.
Por causa da escassez de chips, o grupo esperava produzir 8 milhões de carros em todo o mundo no ano anterior, mas só conseguiu produzir 6 milhões como resultado da crise.
“Não deve ocorrer normalidade no fornecimento antes de 2023”, previu o executivo. Afirma que já é óbvio que a capacidade industrial dos fabricantes chineses de chips é insuficiente para garantir um fornecimento regular de chips à indústria automóvel, sobretudo à medida que cresce o número de veículos eletrificados nas estradas, pois estes veículos vão conter mais semicondutores do que veículos convencionais.
Mas, segundo o presidente global da fabricante, os Estados Unidos já perceberam isso e preparam investimentos “brutais” nos Estados Unidos e na Europa para aumentar a produção de eletroeletrônicos — embora essa nova capacidade não se concretize para mais três anos.
Guerra entre Rússia e Ucrânia
Tavares expressou preocupação com o conflito em curso entre a Rússia e a Ucrânia, que tem potencial para se transformar em um conflito mundial. Mais fragmentação global, segundo ele, resultará em mais tensões geopolíticas – e, quanto maiores essas tensões, mais difícil será superar problemas globais como o aquecimento global e a escassez de matérias-primas.
“A guerra é um desastre e é dramática; tomamos uma posição dura contra todas as formas de violência e agressão”, disse ele. O Grupo Stellantis tem uma fábrica na Ucrânia, mas o CEO da empresa enfatizou que, felizmente, as perspectivas financeiras da empresa não foram afetadas negativamente. “No entanto, fomos afetados pelos dramas que estamos vivenciando atualmente em nossos corações”.
O executivo da empresa afirmou que a empresa tem apoiado os esforços para negociar um acordo pacífico e tem prestado assistência aos refugiados. “No momento, nosso foco principal é a proteção de nossos funcionários; estamos fornecendo assistência financeira e auxiliando vários deles em seus esforços para fugir da Ucrânia e viajar para a Polônia”.