No sábado, o deputado tentou explicar o incidente, alegando que foi “um erro, num momento de empolgação”.
Polêmica e revolta nas redes sociais após o lançamento dos áudios em que descrevem como ucranianas como “fáceis, tão pobres”, o deputado estadual Arthur Val, também conhecido como Mame Falei, pré-candidato ao governo de SP.
Do Val viajou para uma zona de conflito na Ucrânia com Renan Santos do MBL (Movimento Brasil Livre) para apoiar a resistência do país à invasão russa.
No Instagram, por exemplo, ele postou uma foto sua sentado ao lado de dezenas de potes de vidro supostamente usados na produção de coquetéis molotov.
Criticando o governo do presidente Jair Bolsonaro por ter uma postura neutra no conflito, o MBL anunciou nesta terça-feira que arrecadou mais R$ 180 milhões em uma live na terça — os recursos serão usados para auxiliar voluntários na Ucrânia, segundo líderes do movimento .
Questionado pela imprensa no sábado, o deputado tentou esclarecer a situação dizendo: “Não é isso o que eu penso” (sobre as mulheres ucranianas). Em um momento de empolgaço, o que eu disse foi um erro.”
“Fui fazer alguma coisa, enviei um áudio desagradável e a impressão que tive foi que fui fazer outra coisa”, acrescentou.
Consequências Políticas
Do Val é apoiador de Sergio Moro, pré-candidato à presidência da República, que também é membro do Podemos. O ex-juiz “lamentou profundamente e repudiou veementemente as graves declarações do deputado” nas redes sociais.
Moro afirmou que não vai dividir os “jamais” palanques que detêm tais “opiniões” (como Arthur do Val comportamentos) e que ele espera que o Podemos (uma coalizão) “se manifeste e que ele diante do poder que a” situação exige.”
Afirmou em comunicado que as gravações são “gravíssimos” e “inaceitáveis”, e que elas não se resumem ao completo desrespeito à mulher, seja ucraniana ou de qualquer outro País, mais de violações profundas relacionadas a questões humanas.
“O Podemos desfaz como declarações com veemência e, a partir delas, instituirá de imediato uma procedimento disciplinar interno para apuração dos fatos.” “Neste momento, o partido não conseguiu entrar em contato com o deputado, que agora está em voo”, disse Renata Abreu, presidente do Podemos.
Impacto na campanha
Em comentário sobre o episódio, a XP Política afirma que o impacto na campanha ao governo de São Paulo é relativamente pequeno, dado o pequeno tamanho da pré-candidatura do Val, mas que ajuda a “atrapalhar ainda mais a começo de campanha do Sérgio Moro.”
Moro, segundo a XP Política, “não tem nada a ver com o que é atribuído a Arthur do Val (os áudios)”, mas será obrigado a se dissociar do MBL e da infraestrutura de redes sociais que essas empresas fornecem, principalmente em São Paulo .
“É extremamente difícil para um pré-candidato explicar, em menos de 30 dias, declarações de aliados a favor da liberdade organizacional de um partido nazista no Brasil anteriormente, e agora declarações de cunho machista e ofensivo em meio à tragédia de um imenso mar de refugiados fugindo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.”
Outro aliado de Moro, o deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), gerou polêmica no mês passado ao participar de um podcast, quando o apresentador do programa defendeu a formação de um partido nazista no Brasil. Após o episódio, a Procuradoria-Geral da República abriu uma investigação sobre os dois por se desculparem pelo nazismo.
“À luz do meu fracasso, gostaria de reafirmar que me oponho visceralmente ao nazismo.” “Também sou um defensor da causa judaica e do Estado de Israel”, afirmou Kataguiri. Moro afirmou que o deputado cometeu uma “gafe verbal” e um “erro brutal” neste episódio.
Por fim, a XP Política afirmou que, embora março ainda não tenha começado, terminará da mesma forma que fevereiro: “as candidaturas de Bolsonaro e Lula existem e são viáveis de forma competitiva e consistente”. Todos os outros, com mais ou menos mérito, estão lutando pela sobrevivência neste momento.”
Não quer atrapalhar terceira via
Na manhã de sábado, Arthur do Val postou um vídeo em seu canal do You Tube, que tem 2,75 milhões de inscritos, admitindo que pode retirar sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes para não atrapalhar a terceira via – grupo de candidatos que são alternativas a Bolsonaro e Lula para a presidência.
“Você quer que eu continue como pré-candidato?” Não tenho certeza… Estou atualmente no Brasil. Não quero atrapalhar a terceira via, não quero atrapalhar minha festa e não quero atrapalhar ninguém. Se for melhor, não tem problema, retiro a minha candidatura”, disse no final do vídeo, intitulado “Pedido de desculpas”.
Cassação
Segundo a Folha de S.Paulo, a Representação Central Ucraniana-Brasileira, que representa 600 mil brasileiros descendentes de ucranianos, pediu ao presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Carlo Pignatari (PSDB), a destituição de Arthur do Val.
“O deputado Arthur do Val revelou uma pessoa de indolência perigosa para o exercício de funções onde sempre há de tratar com mulheres em situação de vulnerabilidade”, diz a entidade no documento.
Segundo a Folha, deputados dos partidos da esquerda e direita da Assembleia de São Paulo ainda estão protocolando representações ao Conselho de Ética da Câmara contra um membro do MBL.
Isa Penna (PSOL), deputada estadual de São Paulo, se manifestou sobre o ocorrido e afirmou que fará uma denúncia judicial contra Arthur, pleiteando sua destituição do cargo por descumprimento de suas atribuições parlamentares.
Mais repercussões
Na esfera política, João Doria, governador de São Paulo e pré-candidato à presidência, afirmou que as declarações foram “repudiantes”, “inaceitáveis” e “vergonhosas”.
Enquanto isso, Janaina Paschoal (PSL), deputada estadual por São Paulo, afirmou que “não há palavras para expressar nossa indignação pelo desrespeito demonstrado às mulheres ucranianas”.
“Pelos termos utilizados, o tratamento a elas seria inadmissível!” Mas, diante da situação de vulnerabilidade, é revoltante! Janaina exclamou: “Triste!”
Enquanto isso, o deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) afirmou que, “no momento”, a cassação é “o mínimo”, e que também está ingressando na Comissão de Ética da Assembleia Paulista.