Segundo Fabio Mourão, chefe de fusões e aquisições do UBS para o Brasil, o país também está no meio de uma “enorme” oportunidade.
Após um período de diminuição da atividade no país como resultado de uma combinação de fatores negativos no ambiente macroeconômico, incluindo o conflito em curso na Ucrânia, o mercado de fusões e aquisições no Brasil começou a ganhar força nas últimas semanas, segundo os analistas do setor. De acordo com dados da Dealogic apresentados por especialistas em um café da manhã organizado pela Brazilian-American Chamber of Commerce na terça-feira (19), o número de negócios diminuiu quase 15 % no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior.
É possível observar um aumento no número de transações de fusões e aquisições nas últimas semanas, principalmente nos setores de educação e fintech, segundo Luciana Pietro Lorenzo, sócia do escritório Mattos Filho. “Acredito no futuro. O negócio está retomando”, afirmou ela enfaticamente.
Felipe Bittencourt, diretor de análise financeira da Vinci Partners, afirmou que, apesar do declínio da atividade empresarial durante o primeiro trimestre, o país está pronto para avançar no mercado de fusões e aquisições. O Brasil é a maior economia do mundo e tem um forte sistema democrático. “Inquestionavelmente, estamos no meio de uma oportunidade de avançar e elevar o país a um nível de qualidade de capital superior ao que atraímos anteriormente”, disse ele, referindo-se ao influxo de dinheiro estrangeiro no país.
De acordo com Fabio Mourão, chefe de fusões e aquisições do UBS para o Brasil, o país também vive uma “enorme” oportunidade ao levar em conta a reorganização global das cadeias produtivas e a necessidade de maior diversificação da economia, resultado da pandemia e da guerra.
Na tentativa de explicar os fatores que contribuíram para o declínio da atividade de fusões e aquisições no início do ano, ele afirmou que “guerra, inflação, e quando você junta tudo isso, você fica preocupado”. “Mas isso não é um fenômeno brasileiro; vemos isso em outros mercados, como os Estados Unidos.”
Segundo ele, a taxa de câmbio, que é uma das variáveis mais importantes na avaliação das oportunidades de investimento no país, deve se manter nos patamares atuais diante da grande entrada de dólares causada pela alta dos juros e dos preços elevados de commodities exportadas por empresas brasileiras. Por outro lado, Mourão acredita que um aumento da taxa dos Federal Funds acima do nível esperado, que é a taxa básica de juros nos Estados Unidos, poderia resultar em um aumento do custo de capital, o que teria impacto nas aquisições de negociações.
Bittencourt, da Vinci Partners, afirmou que uma redução no número de transações esperadas para o primeiro trimestre já havia ocorrido no passado, quando a economia brasileira estava sujeita a altas taxas de juros, como ocorre atualmente. “Temos mais transações quando há uma perspectiva mais estável para a economia”, explicou.