No entanto, apesar da resposta negativa dos papéis, os números vieram em linha com as expectativas. A empresa prevê a recuperação dos aditivos líquidos.
As ações da Qualicorp (QUAL3) caíram 5,99 % para R$ 15,86 nesta quarta-feira (30), após a divulgação dos resultados do quarto trimestre da empresa, que mostraram queda no lucro líquido de 25,2 % no mesmo período em 2020, entre as quedas mais significativas da sessão.
De acordo com o Bradesco BBI, a Qualicorp obteve resultados “fracos” e “sem brilho”, mas dentro das expectativas. As adições de líquidos orgânicos foram negativas em 26 mil vidas (superando os -13 mil previstos pelo BBI), devido a um churn superior ao previsto na inadimplência, enquanto o bilhete recorrente subiu 1,5 %, fazendo com que a receita cair.
Do lado positivo, as comissões da caixa de novas vendas per viva diminuíram 7 % no terceiro trimestre, para R$ 888, tendência que os analistas do banco antecipam que continuará até 2022. Após a análise, o BBI manteve classificação neutra para a ação e preço-alvo de R$ 26.
De acordo com o Ita BBA, a empresa ainda lida com uma baixa oferta de aditivos líquidos orgânicos no setor de saúde, o que está afetando negativamente o resultado da empresa. “No que diz respeito à lucratividade da empresa, um aumento trimestral na quantidade de dinheiro gasto em dívidas incobráveis foi maior do que a quantidade de dinheiro gasto em marketing durante esse período”, afirmou o relatório.
O BBA, por outro lado, destacou que os resultados de receita, apesar de decepcionantes, ficaram em linha com as expectativas da empresa. Em termos de Ebitda, a empresa afirmou que o valor ajustado ficou 3 % abaixo das expectativas, mas 15 % superior ao mesmo período do ano anterior, devido à diminuição do montante de custos e despesas consolidados.
Em contrapartida, houve uma pequena queda no Ebitda ajustado, mas com margem praticamente constante ( -25 pontos base em relação ao 3T21), impactado positivamente por menores contingências e redução das despesas de marketing, parcialmente compensado por um significativo aumento das provisões para devedores inadimplentes.
Do lado da receita, a QUAL3 registrou lucro de R$ 51 milhões, cerca de 46 % abaixo da previsão do Itaú e 25 % abaixo da média do 4T20. Isso se deve principalmente a um impacto mais negativo no resultado financeiro líquido (que também foi prejudicado por uma despesa não recuperável de R$ 22 milhões) e pelo aumento da alíquota do imposto de renda.
Qualicorp (QUAL3): recuperação das adições líquidas
Em teleconferência com analistas, o CEO da empresa, Bruno Blatt, afirmou que a empresa espera que o novo patamar de vendas alcançado em 2021 se mantenha em 2022, através da normalização dos cancelamentos, de forma a “repor os líquidos orgânicos”, que “deve ocorrer no primeiro trimestre.”
Apesar de uma liquidação negativa de 21,9 mil vidas em adesão, o número total de vidas nos livros aumentou 2,2 % em 2021, ultrapassando a marca dos 2,6 milhões. “Nossa expectativa para 2022 é manter o novo patamar de crescimento real do PIB que foi alcançado em 2021”, disse.
Segundo ele, a empresa prevê “uma normalização dos cancelamentos em níveis históricos após dois anos de atividade sem precedentes, fruto de muitas ações já implementadas, para atingir nossa meta de adições de líquidos orgânicos”.
Enquanto isso, o diretor financeiro da empresa, Fred Oldani, destacou que o desempenho da empresa no quarto trimestre do ano anterior foi impactado negativamente por despesas não recorrentes, além da pressão dos dissídios coletivos e da inflação de dois pontos percentuais.
Além disso, a empresa afirmou que uma “margem Ebitda de 50% é um nível sustentável e realista para os próximos trimestres”.
Cenário desafiador
Um relatório da Qualicopr afirmou que a pandemia e o ambiente macroeconômico mais adverso, que incluiu o impacto de dois aumentos no preço dos planos de saúde no mesmo ano, uma maior taxa de inflação e taxas de juros mais altas, entre outros fatores conjunturais, teve um impacto negativo nos resultados de 2021.
Em resposta aos cancelamentos por inadimplência, Elton Carluci, vice-presidente comercial, inovação e novos negócios, afirmou que a situação está “melhorando”, mas que continuam “um vilão”.
Sulamerica e Rede D’Or
Em relação à compra da Sulamerica (SULA11) pela Rede D’ Or (RDOR3), o CEO da empresa, Bruno Blatt, minimizou a importância da transação, destacando a independência da empresa como distribuidora de benefícios.
“Adquirimos mais de 67 operadoras por meio de crescimento orgânico e aquisições. Pretendemos manter nosso foco na distribuição de todos os nossos produtos. Para a Qualicorp, a Sulamerica é essencial, mas outras empresas também são importantes, cada uma em sua região.”
O acordo entre a Sulamerica e a Rede D’Or, anunciado no final de fevereiro de 2022, deve ser aprovado pelos órgãos reguladores competentes, entre eles o Cade, a ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar), a Susep (Superintendência de Seguros Privados), e o Banco Central.
Em teleconferência realizada nesta manhã, Paulo Junqueira Moll, CEO da Rede D’Or, afirmou que a atuação da empresa na fusão da Qualicorp vem sendo questionada pelo mercado desde seu anúncio. Após o anúncio do acordo com a Sulamerica, a empresa afirmou que pretende manter sua posição de acionista minoritário.
Ele acrescentou que uma estrutura semelhante à da Qualicorp está sendo considerada por outras organizações de saúde, mas não deu detalhes. A Rede D’Or registrou lucro caixa de R$ 419,5 milhões no quarto trimestre de 2021, representando um aumento de 38,5 % em relação ao mesmo período do ano anterior (4T20).