Rússia e Ucrânia estão realizando uma nova rodada de negociações sobre a cessação das hostilidades na Turquia

Rússia e Ucrânia estão realizando uma nova rodada de negociações sobre a cessação das hostilidades na Turquia

Os países ainda estão longe de alcançar uma trégua; a reunião ocorre após a revelação de que a oligarquia russa e os empresários ucranianos podem ter sido enganados.

As delegações da Rússia e da Ucrânia iniciaram uma nova rodada de negociações nesta terça-feira (29), em Istambul, na Turquia. As delegações da Rússia e da Ucrânia serão acompanhadas por representantes da União Europeia e dos Estados Unidos. É o primeiro encontro presencial entre representantes de Moscou e Kiev em mais de duas semanas, já que as negociações anteriores foram realizadas por videoconferência.

O objetivo das negociações é conseguir o fim das hostilidades na Ucrânia, ou pelo menos garantir assistência humanitária aos que foram deslocados pela guerra.

Para travar a invasão, a Federação Russa exige a desmilitarização da Ucrânia, o compromisso do país de não aderir à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o reconhecimento da Crimeia anexa e a soberania do Donbass, a região em que estão localizadas as repúblicas separatistas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk, entre outras coisas.

De acordo com relatos da mídia internacional, o Kremlin renunciou à sua controversa decisão de “desnazificar” o governo ucraniano.

“A capacidade de combate das Forças Armadas ucranianas foi significativamente reduzida, permitindo-nos concentrar nossos esforços no objetivo principal, que é a libertação do Donbass”, disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, na terça-feira, segundo a agência de notícias Tass, uma das agências de notícias estatais do país.

A capital ucraniana já reconheceu que a adesão a Otan será impossível, mas, em troca, está buscando garantias de segurança de um grupo de países contra possíveis ataques russos no futuro. Esse grupo incluiria os membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, bem como representantes da Alemanha, Canadá, Turquia e Itália.

Depois de ver as duas delegações, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan afirmou que ambos os lados têm “preocupações legítimas” e que todos os lados devem ser ouvidos para “pôr fim a esta tragédia”. Como diz o ditado, “Chegar à paz e ao cessar-fogo tanto antes será benéfico para todos”.

Segundo Erdogan, uma “paz justa” não terá perdedores. “Espero que nossos encontros sejam frutíferos para seus países, para nossa região e para toda a humanidade como um todo”.

Suspeita de envenenamento

De acordo com o canal de notícias britânico Sky News, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, alertou que os empresários estrangeiros do país devem se abster de “comer, beber ou tocar em qualquer superfície” para evitar embargos e outros problemas.

Na segunda-feira (28), surgiram notícias de um suposto encontro entre Roman Abramovich, da oligarquia russa, dono do clube de futebol Chelsea, e dois empresários ucranianos no início de março em Kiev.

Em comunicado divulgado na terça-feira, o governo russo afirmou que os relatos de suposto envenenamento eram falsos e que faziam parte de uma “guerra à informação”.

Abramovich não é um membro oficial da delegação da Rússia às Nações Unidas na Turquia, de acordo com Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin. No entanto, Peskov confirmou que o oligarca estará presente na reunião de hoje em Istambul.

Corredores humanitários

Na época, o único resultado tangível das negociações entre Kiev e Moscou é o estabelecimento de um mecanismo para a abertura de corredores humanitários para a evacuação de civis e entrega de ajuda humanitária.

No entanto, como resultado de alegações persistentes e credíveis de violações de direitos humanos, o número de Corredores muda diariamente.

Três rotas de ajuda humanitária foram abertas na terça-feira, com uma delas partindo de Mariupol, cidade ocupada pela Federação Russa há mais de um ano.