Latam e Azul também confirmaram a suspensão de rotas e ajustes em seus horários de voos; o motor de busca de viagens online Kayak prevê um aumento ainda maior no preço dos voos domésticos, até 45 %.
A indústria aérea brasileira já reconheceu uma redução no preço dos voos em até 30 % e uma redução no número de voos devido ao aumento de custos causado pela invasão russa da Ucrânia e aumento do preço do QAV (querosene de aviação).
Uma pesquisa recente realizada pela agência de viagens online Kayak confirma uma tendência de alta ainda mais forte, com aumentos de até 45 % no preço médio dos voos domésticos e 17 % no preço dos voos internacionais.
A Latam confirmou um aumento de 25 % a 30 % nos preços dos voos e serviços adicionais, bem como a suspensão temporária de 10 rotas e o adiamento de outras 11 rotas que estavam programadas para começar a operar. A Azul não confirmou o aumento de preços, mas admitiu que “ajustou a disponibilidade de voos diários em alguns mercados”.
A Gol não respondeu a um pedido de comentário. O presidente da empresa, Paulo Kakinoff, afirmou que o custo do combustível representa atualmente 50 % dos custos das empresas do setor.
De acordo com a Latam, “como resultado do aumento do preço do combustível de aviação como resultado do desenvolvimento do conflito ucraniano”, a companhia aérea “teve que fazer alguns ajustes em suas operações domésticas” e “esta situação resultou em um aumento nos preços das passagens aéreas e serviços adicionais na faixa de 25 % a 30 %.”
As rotas Belém-Manaus, Manaus-Fortaleza e Fortaleza-Belém foram adiadas para junho, enquanto as rotas Brasília-Palmas, Brasília-Navegantes (SC) e Porto Alegre-Curitiba foram adiadas para julho.
A empresa lamenta o “efeito” que estas alterações tiveram nos seus clientes, que atribui a “fatores externos alheios à sua vontade”, e orienta os clientes a acederem ao seu site “para apurar se o seu voo foi adiado”.
Segundo a Azul, a mudança no horário de voos da companhia aérea foi necessária devido ao aumento do valor de várias commodities nas últimas semanas, principalmente o preço do petróleo bruto, que vinha sofrendo aumentos consecutivos em resposta à pandemia de Covid-19 e havia atingindo um máximo não visto desde 2008.
Segundo a empresa, o aumento do preço do petróleo elevou o preço do combustível de aviação, o que “repercute na retomada de operações aéreas mais vigorosas em todo o país, bem como na inclusão de novas cidades e novas rotas e frequências entre aeroportos que já oferecem serviços de voo.”
A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) afirmou no passado que o QAV representa mais de um terço dos custos incorridos pelos negócios do setor, e que o preço da gasolina já aumentou 76,2 % até 2021. “O encarecimento do QAV no curto e médio prazo tem o potencial de impedir a retomada das operações aéreas, a prestação de serviços logísticos críticos e a viabilização de rotas com altos custos operacionais.”
Alta de até 45% nos voos nacionais
De acordo com a pesquisa Kayak, o preço médio dos voos aumentou em até 45 % nos destinos domésticos mais populares e em até 17 % nos destinos internacionais mais populares. Os dados coletados entre 1º e 15 de março deste ano foram comparados com os mesmos dados coletados no mesmo período de fevereiro.
O aumento mais significativo foi observado nos voos para Florianópolis (+45 %), mas também houve aumentos significativos nos voos para o Brasília (+41 %), São Paulo (+40 %) e Rio de Janeiro (+40 %). O voo doméstico mais caro, entre os destinos mais populares, foi encontrado em Maceió (R$ 1.510, um aumento de 12 % em um único mês).
Destinos nacionais mais buscados no período | Preço médio da passagem | Variação |
São Paulo | R$ 989 | 40% |
Rio de Janeiro | R$ 982 | 40% |
Recife | R$ 1.177 | 20% |
Fortaleza | R$ 1.209 | 22% |
Salvador | R$ 984 | 21% |
Maceió | R$ 1.510 | 12% |
Porto Alegre | R$ 1.077 | 28% |
Brasília | R$ 956 | 41% |
Natal | R$ 1.495 | 19% |
Florianópolis | R$ 1.132 | 45% |
Entre os dez destinos internacionais mais procurados na plataforma, a redução de preço mais significativa foi verificada nos voos para o Porto, Portugal (+17 %). Paris ocupa o primeiro lugar (+16 %), seguida de Londres (+15 %), e Lisboa ocupa o segundo lugar (+14 %).
Os voos mais caros são para Lisboa e Londres (R$ 5.299 e R$ 5.250, respectivamente), enquanto os mais baratos são para Buenos Aires (R$ 1.900). Apenas um dos destinos investigados teve uma queda no custo da viagem: Cancún (-1 %).
Destinos internacionais mais buscados no período | Preço médio da passagem | Variação |
Lisboa | R$ 5.299 | 14% |
Buenos Aires | R$ 1.900 | 1% |
Orlando | R$ 3.578 | 10% |
Miami | R$ 3.522 | 5% |
Santiago do Chile | R$ 2.041 | 10% |
Paris | R$ 5.137 | 16% |
Porto | R$ 4.894 | 17% |
Nova York | R$ 4.631 | 10% |
Cancún | R$ 3.108 | -1% |
Londres | R$ 5.250 | 15% |
A agência de viagens online Kayak não especifica o motivo do aumento do preço médio dos bilhetes, mas aponta uma série de fatores, como oferta e demanda, reconfiguração dos sistemas de controle de tráfego aéreo, preço do combustível de aviação e variações sazonais, entre outras, podem impactar na composição dos preços.