Razor agora tenta enfrentar os gigantes do Vale do Silício, de uma garagem no interior do gaúcho

Razor agora tenta enfrentar os gigantes do Vale do Silício, de uma garagem no interior do gaúcho

Com apenas alguns anos de experiência, uma fabricante de computadores prevê um faturamento superior a R$ 40 milhões este ano.

Foi em uma garagem na periferia do Rio Grande do Sul que uma jovem empresa de tecnologia iniciou sua jornada para enfrentar gigantes do setor como Google e Facebook. Qual é a estratégia? A construção de um item para atender às necessidades legítimas de um público cada vez mais exigente em termos de qualidade e atendimento ao cliente é uma das tarefas mais difíceis no mundo dos negócios. A história que pode ser usada para contar a história do sucesso dos gigantes americanos é, na verdade, uma versão condensada da história do Razor brasileiro.

Fundada em 2014 por Grégory Parisotto Reichert, que convenceu seu irmão, André Luiz Parisotto Reichert, a fazer um investimento de R$ 5 mil na criação de um site de comércio eletrônico e mudar o que antes era um negócio de suporte técnico relacionado à informática. Pouco tempo depois, a Razor Company ganhou destaque no mercado quando passou a fabricar e vender suas próprias máquinas.

“Tínhamos a impressão de que chegaríamos apenas a Porto Alegre.” “No entanto, em pouco tempo, estávamos recebendo pedidos de todo o Brasil”, explica Grégory, que atualmente atua como CEO da empresa e supervisiona uma equipe de mais de 45 funcionários.

A Razor, quando começou a chamar a atenção, foi uma das 60 empresas selecionadas para a edição 2019 do ScaleUp Endeavor, programa de aceleração de startups que recebeu mais de 5 mil de inscrições de todo o mundo.

“Foi difícil para nós explicar nossa posição porque não somos nem software nem hardware no sentido tradicional.” “Vou comprar um computador”, diz Grégory.

Uma startup opera em um modelo em que constrói sistemas de computador usando componentes importados de distribuidores americanos para gerar receita. A fabricação ocorre em uma unidade de Passo Fundo, que fica a cerca de 300 quilômetros de Porto Alegre. A capacidade de produção anual estimada da fábrica está na faixa de 25 mil de unidades de computadores.

A linha de produtos atual é composta principalmente por estações de trabalho e computadores de mesa, mais voltados para o público em geral que busca um computador de nível profissional com alta capacidade de processamento. Consequentemente, aproximadamente 70% de todas as vendas são direcionadas ao mercado corporativo (ou mercado corporativo). Os clientes da empresa incluem empresas como Petrobras, Infraero, General Electric, TV Globo e diversas universidades e centros de pesquisa, entre outros.

Em menos de dois anos de fundação, a empresa já havia alcançado um lucro superior a R$ 1 milhão. O valor aumentou exponencialmente ano após ano, chegando a um total de R$ 22 milhões em vendas no ano anterior. A meta da empresa para este ano é aumentar as vendas e faturar mais de R$ 40 milhões até o final do ano de 2022.

A estratégia da empresa para fazer mais do que simplesmente recuperar as perdas do ano anterior está focada em expandir sua linha de produtos atual para incluir mais do que apenas computadores de mesa e começar a vender também notebooks. “Eles proporcionam maior mobilidade e respondem por um nível de demanda maior”, diz Grégory.

A incorporação de notebooks ao negócio permitirá à Razor atingir um público mais móvel e de menor custo para seus produtos e serviços. Diferentemente das estações de trabalho, que podem custar entre R$ 20 mil e R$ 30 mil a unidade, os notebooks podem ser adquiridos por apenas R$ 9 mil a unidade, tornando o produto mais acessível e ampliando o mercado alvo.

Captação de investidores

O desafio de estabelecer uma nova linha de produtos começa com a necessidade de fazer um investimento inicial para adquirir os materiais necessários, treinar o pessoal necessário, montar os equipamentos necessários e, finalmente, vender o produto acabado.

“Agora entendemos como configurar e trabalhar com notebooks.” Segundo Grégory, “o que ainda falta é o capital necessário para fazer um pedido mínimo de componentes”.

A Razor pretende arrecadar até R$ 5 milhões para sanar o problema. No entanto, não será capaz de fazer isso recorrendo a fundos de capital de risco ou grupos de investimento privado com poucos recursos. A estratégia atualmente busca contribuições para a plataforma Kria, que é uma plataforma de equity crowdfunding que permite que qualquer pessoa se envolva em negócios com valores de investimento muito pequenos. No caso da empresa, há aportes a partir de R$ 5 mil.

Saiba como investir na Razor

Esta será a segunda vez que a Razor empregará essa tática para arrecadar fundos. A primeira tentativa foi realizada no final de 2020, e a empresa conseguiu superar sua meta de faturamento de R$ 1,5 milhão ao acumular R$ 1,8 milhão em faturamento. Para isso, levou menos de uma semana para atrair os 148 investidores interessados ​​no empreendimento.

Além de ampliar a linha de produtos, parte dos recursos será utilizada para melhorar a eficiência do negócio. A quantidade média de tempo que decorre entre um primeiro contato e o recebimento de um computador é extremamente longa nos dias de hoje. A ideia é reduzir gradativamente esse prazo por meio da aquisição de itens adicionais, bem como da instalação antecipada de computadores e laptops.

“Com o estoque atual de produtos disponíveis para entrega imediata, prevemos um aumento significativo nas vendas”, afirma Grégory.

Torna-se possível se tornar sócio e participar do negócio com André e Gregory com um investimento inicial de R$ 5 mil, que é o mínimo necessário para participar.

Mercado com potencial de expansão

De acordo com a Future Market Insights, o mercado mundial de estações de trabalho está crescendo a uma taxa de duas casas decimais por ano e deve chegar a US$ 100 bilhões até 2030. André identifica isso como um avanço na adoção de uma cultura orientada a dados, em que as empresas devem capturar e manipular um grande número de dados para usá-los de forma inteligente e assertiva. Ele explica que “aumenta a demanda por ferramentas de aprendizado de máquina de nível profissional para pessoas que trabalham com big data e projetos de aprendizado de máquina”.

Estamos também no meio de um período de criação de conteúdo abundante, durante o qual todos com um smartphone têm a capacidade de criar algo novo. Por haver mais concorrência, os profissionais querem melhores ferramentas para produzir conteúdos mais interessantes e de qualidade”, conclui o autor.

Desde que muitos profissionais que antes trabalhavam em casa foram obrigados a adquirir seus próprios computadores em decorrência da pandemia, o mercado cresceu significativamente.

Apesar do avanço, o mercado de estações de trabalho ainda é pequeno: segundo a startup, o mercado de estações de trabalho representa hoje apenas 4 % do mercado global de computadores. Por isso, as grandes corporações não dedicam muita atenção a esse segmento da população, que representa uma pequena parcela da receita total. Mas é justamente por isso que a Razor se destaca: “Nós nos especializamos em um determinado nicho”, diz André, que segue explicando que a empresa montou uma equipe de consultores especializados para entender melhor o perfil do cliente e suas necessidades específicas. As máquinas são construídas com especificações exatas para obter a configuração desejada.

Consultoria

Quando se trata de um produto final de alto preço, as vendas consultivas são ainda mais críticas, com alguns produtos alcançando mais de R$ 100 mil em alguns casos. Nessa situação, os clientes não querem ser pressionados ou forçados a tomar uma decisão, tornando ainda mais benéfica a assistência dos profissionais. “Descobrimos essa demanda e reestruturamos nossa empresa para ser o amigo que indica a melhor máquina para cada profissional”, explica André.”

Segundo Grégory, a segmentação também é um componente crítico de negócios de sucesso. “É possível ter uma marca genérica que agrada a um grande número de pessoas, mas que as pessoas não se identificam com ela; ou, por outro lado, é possível focar em um grupo menor de pessoas, mas isso é muito mais certo”, diz o empresário, que é também o fundador e CEO da empresa.

Segundo os irmãos Reichert, é o público cortado e o serviço consultivo que diferencia a Razor de outros concorrentes gigantes dentro e fora do Brasil. A empresa agora está operando apenas em nível nacional, mas já começou a planejar uma expansão internacional para os Estados Unidos, que deve ocorrer até 2025.

“Nosso público-alvo consiste principalmente de pessoas que vivem em países em desenvolvimento e grandes áreas metropolitanas, onde há mais desenvolvedores, arquitetos e engenheiros.” “Mesmo sendo um mercado mais competitivo, ainda vale a pena porque ter apenas 5 % do mercado nos Estados Unidos equivale a ter 20 vezes o mercado de um país em desenvolvimento”, diz Grégory.

Metaverso

Espera-se que essa demanda cresça muito mais se e quando o metaverso se tornar realidade, mesmo que ainda seja em um futuro distante. Considere a magnitude da demanda por alto desempenho. Para criar um metaverso verdadeiramente interativo e funcional, as empresas precisarão de máquinas de processamento de alto desempenho. Tudo será guiado por dados, conectividade e quantidade de informações disponíveis. “A expectativa é que o número de máquinas de alto desempenho cresça significativamente”, prevê André.

Ao refletir sobre o que deve ser feito para garantir que o Brasil tenha mais empresas nacionais de hardware de computador com capacidade competitiva dentro e fora do país, Grégory reconhece que ainda há muitos obstáculos a serem superados. “Para as pequenas e médias empresas, há uma série de questões legais e fiscais que dificultam a entrada no mercado”, diz o autor.

Segundo o empresário, a Lei da Informática, que oferece incentivos financeiros a pessoas e organizações que promovem a inovação e o desenvolvimento tecnológico no país, facilitou o processo. O Razor se beneficiará a partir do final de 2019.

“Não foi fácil [conseguir os incentivos], mas transformou completamente nosso negócio”, diz o fundador e CEO da startup.” Conseguimos reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de 15 % para 4 %”, diz Razor, que acrescenta que a Razor também tem benefício do estado do Rio Grande do Sul, o que garante redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de 12 % para 4 %.

“Um Razor tinha tudo o que precisava para cometer um erro. Grandes concorrentes, um produto especializado de alto preço que exige um processo de vendas consultivas. O crescimento contínuo resultou em um aumento de dez vezes na receita desde 2017, com um aumento adicional de dez vezes previsto nos próximos quatro anos. “Se tudo isso não for suficiente para convencer alguém de que o mercado tem muito potencial, não sei o que mais seria necessário”, conclui André.