A volatilidade das taxas de juros se reflete nos fundos de renda fixa, que começaram a dar sinais de estar no vermelho nos primeiros dias de março

A volatilidade das taxas de juros se reflete nos fundos de renda fixa, que começaram a dar sinais de estar no vermelho nos primeiros dias de março

Segundo o gestor, a desvalorização ocorreu principalmente em fundos que investem em títulos atrelados à inflação.

A volatilidade das taxas de juros nos últimos dias começou a impactar o desempenho de alguns fundos de renda fixa. Por causa da persistente alta do preço das commodities desde o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, as taxas de câmbio negociadas no mercado foram depreciadas – e por causa da depreciação do valor das cotas, o resultado foi uma desvalorização das cotas.

De acordo com dados compilados pela Anbima (Associação das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), algumas categorias de fundos de renda fixa sofreram desvalorização de seus ativos subjacentes nos primeiros dias de março. Isso ocorre principalmente com os fundos de renda fixa vinculados ao IMA-B, indicador que acompanha o desempenho de títulos inflacionários do setor público, como NTN-Bs e Tesouro IPCA+, entre outros.

Esses títulos proporcionam aos investidores uma taxa de juros prefixada superior à taxa de inflação medida pelo IPCA, ou Índice de Preços ao Consumidor Amplo. Alguns deles conseguiram pagar taxas de juros anuais superiores a 5,90 % nos primeiros dias de março, enquanto outros conseguiram chegar perto desse nível. Os recordes deste ano foram estabelecidos de várias maneiras.

De acordo com Stefan Castro, chefe de administração da AF Invest, “observamos um aumento significativo na volatilidade, bem como no prêmio de risco em renda fixa”. “Como resultado, houve um aumento acentuado no valor do dinheiro, principalmente nos fundos inflacionários.”

Segundo a Anbima, durante a primeira semana de março, de 4 a 8 de março, seis categorias de fundos de renda fixa sofreram desvalorização em suas avaliações. “Indexados”, “duração alta soberana”, “duração alta crédito livre”, “duração livre crédito livre”, “investimento no exterior” e “dívida externa” estavam entre as categorias representadas. Os fundos de inflação são frequentemente encontrados nas três primeiras categorias, enquanto os fundos de deflação são encontrados nas duas últimas categorias, que incluem fundos que foram prejudicados por flutuações cambiais – o valor do dólar vem caindo desde o início do ano.

Nessas categorias, os resultados variaram de -0,06 % a -1,43 % apenas nos primeiros quatro dias do mês, dependendo da categoria.

Segundo levantamento da Economatica, plataforma de informações financeiras, mesmo os fundos de renda fixa conservadores – aqueles com pelo menos 95 % de seus investimentos concentrados em ações públicas e com volatilidade inferior a 1 % – tiveram desempenho negativo nos primeiros sete dias do mês, apesar do tamanho da amostra ser pequena.

Reflete a marcação dos papéis que compõem as cartas no mercado, ou seja, a atualização dos preços dos ativos subjacentes de acordo com seu valor atual de mercado no mercado. Uma tendência é que o valor de um título de renda fixa aumente quando a taxa de retorno do título cai. Isso é especialmente verdadeiro no caso de títulos indexados à inflação, que muitas vezes têm prazos de vencimento longos – e, como resultado, são mais sensíveis a mudanças nas taxas de juros.

Como resultado, em tempos de alta volatilidade, os fundos de renda fixa podem apresentar um desempenho negativo quase que imediatamente. Castro, por outro lado, explica que esse efeito tende a se dissipar com o tempo, principalmente no caso de fundos de gestão ativa.

“A reversão e a velocidade do movimento são determinadas principalmente por dois fatores, um dos quais é o mercado “, diz o autor. Quando as taxas de juros caem e voltam aos patamares anteriores – como, por exemplo, quando a percepção de risco dos participantes do mercado financeiro em relação às consequências monetárias e fiscais do conflito russo-ucraniano melhora – os preços dos ativos de renda fixa também tendem a se estabilizar. O segundo fator a ser considerado é a capacidade dos gestores de selecionar as atividades que apresentam o melhor equilíbrio entre risco e retorno do investimento.

Segundo Castro, é fundamental que os investidores mantenham uma carteira equilibrada dentro de seu perfil e utilizem soluções baseadas no mercado para reequilibrar sua carteira.

No momento, preferimos alocações pós – fixadas por apresentarem menor grau de volatilidade.” Também estamos atentos ao crédito privado”, diz o autor. Segundo ele, os títulos e CDBs emitidos por empresas e instituições financeiras têm proporcionado bons retornos sem apresentar volatilidade excessiva no mercado. Na minha opinião, esta é uma classe bem equilibrada com taxas de impostos interessantes.