A Petrobras (PETR4) eleva o preço da gasolina em 19% e o preço do diesel em 25%, levando analistas a avaliar as consequências. O mercado de ações salta até 6%, mas a empresa continua otimista

A Petrobras (PETR4) eleva o preço da gasolina em 19% e o preço do diesel em 25%, levando analistas a avaliar as consequências. O mercado de ações salta até 6%, mas a empresa continua otimista

Os novos valores entrarão em vigor na sexta-feira; O GLP também aumentou 16 %, o que influenciará a inflação; Morgan enfatiza o compromisso, mas alerta para os efeitos do colapso; e Morgan adverte sobre os efeitos do colapso.

Após 57 dias sem alteração na política de preços da Petrobras (PETR3;PETR4), a empresa anunciou um aumento significativo nos preços dos combustíveis. Isso segue uma grande expectativa e pressão sobre a política de preços da empresa na esteira da queda do preço do petróleo.

O preço médio da gasolina Petrobras vendida às distribuidoras passaria de R$ 3,25 por litro para R$ 3,86 por litro a partir da próxima sexta-feira, 11 de novembro. Isso representa um aumento de 18,77 %. Levando em conta a mistura obrigatória de 27 % etanol anidro e 73 % gasolina A para a composição da gasolina vendida na bomba, a parcela Petrobras do preço ao consumidor passará de R$ 2,37 para R$ 2,81 por litro de gasolina vendida na bomba. Uma redução de R$ 0,54 por litro, ou um aumento de 18,57 %.

O preço médio do diesel vendido pela Petrobras às distribuidoras passará de R$ 3,61 por litro para R$ 4,51 por litro, representando um aumento de preço de 24,93 %. Considerando a obrigatoriedade da mistura de 10% de biodiesel e 90 % de diesel A no diesel vendido na bomba, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 3,25 para R $ 4,06 por litro de diesel vendido na bomba. Uma redução de R$ 0,81 por litro, ou uma redução de 24,92 %.

De acordo com o GLP, o aumento de preço mais recente entrou em vigor em 9 de setembro de 2021, ou seja, 152 dias atrás. O preço médio de venda do GLP da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo (aumento de 16 %), o que equivale a R$ 58,21 por 13 quilogramas, refletindo um aumento de preço médio de R$ 0,62 por quilo.

“Esses valores refletem parte do aumento dos preços internacionais do petróleo como resultado de uma oferta limitada de petróleo bruto em relação à demanda global por energia. “Este é um momento desafiador e volátil para o mercado, e estamos comprometidos em manter um programa de monitoramento contínuo do mercado”, afirmou a empresa.

Ações sobem

Após o anúncio, os preços das ações da Petrobras subiram, mas começaram a perder força ao longo do dia. Às 12h20 (horário de Brasília), as ações da PETR3 subiram 0,81 %, para R$ 34,96, enquanto as ações da PETR4 subiram 1,81 %, para R$ 33,15. Após o anúncio, feito apenas alguns minutos antes da abertura do mercado, os papéis subiram para os níveis mais altos do dia, com PETR3 tendo ganho de até 5,42 %, para R$ 36,56, e PETR4 tendo ganho de até 6,27 por cento, para R$ 34,60.

Segundo a estatal de petróleo, essa ação da Petrobras vai na mesma direção de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já anunciaram redução de preços para seus produtos.

“Apesar da forte queda do preço do petróleo bruto e seus derivados em todo o mundo nas últimas semanas, como resultado do conflito entre Rússia e Ucrânia, a Petrobras decidiu não repassar a volatilidade do mercado por enquanto, e em vez disso, está realizando uma revisão diária dos preços do petróleo bruto”. Diante dos preços consistentemente elevados dos derivados de petróleo, tornou- se necessário que a Petrobras promova reduções de preços aos distribuidores, a fim de garantir que o mercado brasileiro permaneça bem abastecido, sem risco de desabastecimento, pelos diversos atores responsáveis ​​pelo fornecimento do atendimento a diversas regiões do país, incluindo distribuidores, importadores e outros produtores, além da própria empresa.

Além disso, de acordo com a empresa, “a redução da disponibilidade global de produtos causada pela restrição de acesso a derivativos russos, que são regularmente exportados para países dos Estados Unidos, exige a criação de um ambiente econômico propício à ação imediata de agentes de importação e a conclusão bem sucedida das importações de produtos para complementar o fornecimento de combustíveis para o Brasil.”

Impacto para a empresa e para a inflação

As políticas e procedimentos da empresa estão sendo seguidos pela administração. De acordo com as estimativas do Morgan Stanley, o aumento de preços fechará a maior parte da lacuna entre o câmbio atual e a paridade de importação, o que resultará em um pequeno desconto entre 3 e 5 por cento. O banco classificou o reajuste como ousado, lembrando que foi o maior reajuste em duas décadas.

Em termos da extensão dos aumentos de preços anunciados pela Petrobras hoje, fomos pegos completamente de surpresa.” “Isso demonstra compromisso com a política de preços, mas nos perguntamos quais serão as implicações em nível macro e político à luz do amplo debate e das várias alternativas que estão sendo consideradas para mitigar o impacto dos aumentos de preços no consumidor final”, diz o analista do banco em sua avaliação.

O Morgan acredita ser fundamental ressaltar que a Petrobras está de acordo com seu próprio estatuto, que exige que a empresa esteja de acordo com as práticas comerciais do mercado, ou que a empresa seja indenizada pelo acionista controlador caso ocorra o contrário. O Conselho de Administração, segundo os analistas, também foi responsável pela decisão de aumentar os preços, pois relatórios recentes indicavam que o Conselho estava insatisfeito com o aumento do diferencial de preços.

Os analistas do Morgan Stanley, por outro lado, expressam preocupação com as potenciais consequências negativas de uma guerra comercial.

“Estimamos que o impacto dos aumentos de preço na bomba será de aproximadamente 7 % para a gasolina e 12 % para o diesel, supondo que o ICMS permaneça congelado.” De acordo com as estimativas de nossa equipe de Economia, isso, combinado com o aumento do preço do GLP, deve resultar em um aumento na taxa de inflação de 127 pontos base”, escrevem.

Além disso, Morgan acredita que, embora este seja um desenvolvimento claramente positivo para a Petrobras, também pode obrigar o governo a tentar implementar medidas de controle de preços que possam comprometer a estabilidade de longo prazo da política de preços da empresa, bem como a da empresa sobre responsabilidade fiscal.

Com isso, Morgan recomenda que os investidores fiquem longe das ações da Petrobras para evitar riscos políticos. A recomendação neutra da firma para os ADRs (na prática, ações da estatal negociadas na Bolsa de Valores de Nova York) PBR, equivalente aos ordinários, tem uma relação preço/lucro de US$ 14, representando um aumento de 1 % em valor desde o fechamento do pregão.

Segundo os analistas, “a política de precificação de combustíveis da Petrobras é notável no Brasil, e não vemos uma maneira direta de a empresa mover os preços dos combustíveis para a paridade enquanto o preço do petróleo bruto continua alto, especialmente devido à alta inflação no país e o iminente ciclo eleitoral no país nos próximos meses.” avaliam.

Com isso, quando se trata da indústria do petróleo, os analistas favorecem o PetroRecôncavo (RECV3) e o 3R Petroleum (RRRP3) em um ambiente de tendência ascendente.

Quando se trata de expectativas inflacionárias, a Ativa Investimentos destaca que o fator mais importante a ser considerado é a alta do preço da gasolina. “Como o combustível representa cerca de 33% do preço da bomba, estimamos que a bomba terá um aumento de aproximadamente 6,2%, resultando em um aumento de aproximadamente 0,4% no IPCA [Indicador de Preços ao Consumidor Amplo])”, diz Étore Sanchez, chefe da corretora economista.

Diretamente, o GLP, que representa quase 50 % do Gás de Botijão, deverá ter um impacto no botijão ​​de 7,8 por cento e um impacto no IPCA de 0,11 ponto em resultado do aumento de 16 por cento.

O aumento do preço do gasóleo tem efeitos indiretos significativos, que equivalem a um aumento do preço do gasóleo de cerca de 0,02 ponto distribuído ao longo do ano.

Levando tudo em conta, incluindo os efeitos na paridade energética da gasolina e do etanol, o reajuste da Petrobras é de 0,71 ponto da alíquota – base do IPCA, afirma a empresa.

A casa elevou sua previsão para o IPCA deste ano de 5 % para 5,5 % com base nas condições atuais.

Para registro, estimamos que a Petrobras ainda tenha aproximadamente 10% de sua gasolina deficiente, o que dificilmente será corrigido no futuro próximo. Com isso, “não levamos em consideração em nossas projeções”, diz o autor.